
Percorre-me os espaços desertos do corpo…pregos em pó desfeitos espetados na armadura ferrugenta das noites mal dormidas. Sonhos de infância, graúdas realidades nos berlindes esquecidos no bolor pardacento do ser errante. Ao longe o infinito feito de finitas alergias a sóis que nunca se põem e se alimentam de sombras que vestem a esperança moribunda.
Devora o deserto equívocos e lamentos … fartas armadilhas onde aprisiona poesias de oásis ainda por inventar.
Castelos de areia onde permanecem escondidas as letras felizes da palavra. Altivas …num jogo de esconde-esconde tornam-se a negação da sua essência, espelham desejos e oferecem amargura sedenta.
Lapsos do pensamento que se perdem na abertura de uma luz sem feixes onde o riso se esfuma como fumo em espiral escorregadia.
Embrulho-me em armas…que matam ilusões, que enterram alegrias dormentes… fingidas de respirares rarefeitos.
Apodrecem sementes de um não germinado amor!
Polvilhado grito num desespero de não-sentires e penso que há mil vidas atrás olhei para ti e pensei: visto-me com a areia que trazes nas tuas mãos…és o meu mar em cada noite que passas em mim!
Fez-se de areia...deserto de areia a engolir quartos minguante de tresmalhadas memórias!
Nota: Se puderem passem pelo blog do Nuno Sousa http://nunosousaphoto.blogspot.com/ e vejam o texto que escrevi e principalmente a magnífica foto que ele tirou.