segunda-feira, 23 de março de 2009

Rimas a arder



Como esquecer os passos a dois
Marcados na areia molhada.
Um lento fechar de olhos
E uma balada sem hora marcada.
Dizer quanto te amo mesmo quando a voz
Paralisou no tempo.
Esquecer que as horas
foram dias de enganos
e encantar-te outra vez
naquele banco de jardim
onde a tarde nos encontra
cúmplices e abraçados.
Saber que o beijo não ficou retido
Num qualquer baú da memória
E trouxe um aroma de fim de tarde
Onde o desejo reacende
…e saber que os versos não precisam
De rimas para arderem no teu peito!

Re-inventar momentos




Colheste flores silvestres
Na Primavera anunciada
Num sussurro do meu peito.
…com elas te embriagaste
sentado na porta do tempo
para impedires que passasse.
No aroma disperso na noite
tornaste eternas as palavras
que de nós falavam!

Preciso que reinventes
os momentos e em cada momento
recries as rosas de pétalas encantadas
para que não murchem.
…e que nas pautas dos dias
nasçam claves de sol ardente
nos gemidos de um tango
que se solta do nosso âmago
…desejo selvagem
num sorriso em que me
espreguiço deitada no teu dorso.

terça-feira, 17 de março de 2009

Pecado




Colhe maçãs sem pecado,
porque o pecado mora
no pomar do teu querer…
…e veste-as com as formas
do corpo que te veste!

…quem teme o pecado?
o pecador que pecando se sacia
ou quem peca no querer de ser
...sentir!

E em lêveda procriação
multiplicam-se em embriaguês
de refrescantes néctares
…desnuda para que viver
não seja pecado e
sim prazer no
acto de (pro)criar.

Acordo nas mãos do desejo
que adormeceu em mim
e em carícias despudoradas
me e-levou a um paraíso
em que as portas se abriram
nos braços com que tu
me aprisionaste,
na prisão secreta
desta noite a que roubaram
o mistério dos corpos
…que reconstruímos
qual Criador em dia de inspirado
suor ...

porque importante é não esquecer
que o pecado é ...
somos nós!

terça-feira, 10 de março de 2009

Suave amanhacer



Sentei-me na erva molhada...com pérolas de mar nos meus olhos.
Deitei-me na terra fecunda...com desejos abertos no meu ventre.
Esperei-te nos segundos vadios...com beijos tardios na minha boca.
Desenhei-te no céu do meu pensamento...com as cores suaves do amanhecer.

Agarrei a mão que me estendeste...com o desespero da noite que chega.
Afastei da penumbra do ser...os fantasmas do vazio e da solidão!

segunda-feira, 2 de março de 2009

És o meu palco…sou a tua deixa!



És o meu palco…sou a tua deixa!

Improvisar nos quentes gestos que te ofereço
Surpreender o olhar nos teus dedos que vestem desejos
Afagar as palavras que despem os poemas do teu respirar
Espreguiçar um abraço em surdina…
…na dança preguiçosa da roupa adormecida a teus pés!
Ziguezaguear felina nos contornos da pele a estalar…
…e num monólogo a dois…ser a voz que o teu beijo cala
…e capturar o suspiro que soltas na minha boca!

Sou o teu palco…és a minha deixa!