terça-feira, 29 de julho de 2008

Vermelho chamado desejo


Cobre a minha pálida nudez
Com o vermelho do teu desejo.
Deita-te esquecido do mundo
Em mim o teu sabor a sal.
Murmura os versos proibidos
Da canção que tanto me atrai.
Ergue os braços entrelaçados
Na dança que os corpos encetam!
Grita às pétalas mordidas
A dor da separação…
Luz vencida na brilhante noite
Em que teus passos chegam!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O tic-tac da tua pele



Hoje queria rimar dia com noite…deixar os dedos escorregarem como ponteiros de relógio a marcarem o tic-tac na tua pele ardente.
Hoje queria despertar nos teus braços de areia … deixar os raios de sol vestirem a minha nudez nocturna.
Hoje queria esquecer-me dos traços negros do Outono…oferecer aos meus olhos o brilho do por-do-sol.
Hoje queria ter a força dos oceanos que me ofereces com o bater do teu coração…

…hoje tenho a tua mão entrelaçada na minha…
…a tua voz em forma de carícia a dizer que o amanhã não existe se nos esquecermos de viver o presente!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Com duas mãos…se faz um sonho!



Mãos pequenas e douradas
Abraçam a terra quente
Que a água banha!
Brincam com a transparência
Dos sonhos que o rio adivinha.
Barcos cheios de ilusões
Partem com a onda fugidia
…Deixando na berma o olhar desolado
A palavra perdida no vento
De quem almeja o que não sabe!

Menino feito homem
…Conforto na voz, de quem
Secou lágrimas salgadas,
Antes de rolarem na face vincada
…De quem envelheceu na infância…
Olhar sedento, crispado,
Solta do vazio dos seus dedos
Pérolas gastas, mas brilhantes
Que moldam a esperança
Com as cores da Primavera!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Nuvens de liberdade



Nas sombras da noite que se desenha
Contam-se histórias feitas
De fragmentos de memória
Erguida em momentos sem importância!

Antiga como o tempo que não lembro
Passa veloz nas horas doces
Arrasta-se lenta e dolorosa
Nas feridas por cicatrizar!

As letras invadem o ser
As palavras preenchem o nada
As imagens acordam o sonho

Fecho os olhos para ver as silhuetas
Em busca dos dias que saltei
…perdi-lhes o rasto…
…ficaram sem rosto…

E o vazio conquista
Este espaço de ninguém
Deita por terra quimeras e desejos
Até que a revolta se solta!

E a história feita
De vento de liberdade
Embala as nuvens deste céu
Neste fim que não tracei!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Pinta-a com as tuas cores!



Respondo-te que os dias não são todos iguais. Hoje o espelho devolveu-me uma desconhecida que me roubou os traços do rosto, ligeiramente vincados, mais opacos, mas praticamente iguais…interroguei-a surpreendida e um esboço de resposta garantiu que nem sempre a cor do riso preenche os meus instantes, por vezes apetece apagar lembranças da memória, torná-la um espaço em branco e assim a deixar…sem receio do vazio.

Ofereço-te uma flor em troca do teu sorriso…
Pinta-a com as tuas cores!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O Meu Lugar


- Queres vir comigo até onde a luz se transforma em água?
- Onde é que isso fica? Como chegamos lá?
- Isso é segredo. Posso apenas dizer-te que aí a dimensão das coisas é diferente. Tudo ganha proporções que nem sequer consegues imaginar…
- Estás a dizer que me vais levar a um lugar mágico?
-Se assim lhe quiseres chamar, para mim é apenas o MEU lugar…
Curiosidade, aventura, descoberta… nem sei, sei apenas que o segui. A sua voz era firme e levava-me até mundos distantes, como se me conhecesse de sempre. Não aquele conhecer de quem te vê todos os dias e te cumprimenta com um simples “Bom Dia!”… este era um conhecer diferente, uma chave para abrir os teus sentimentos, aqueles que não contas a ninguém (por vezes nem a ti própria). Por isso o medo apagou-se naquele olhar sereno que me lembrava o mar da minha infância, aquele que recordo como um aroma que me invade as madrugadas. Era um mar que conquistava a cidade e que quando a noite nos adormecia calmamente nos adornava com um cheiro que ainda faz parte de mim. E os meus sonhos voavam até essa ilha e sentia o embalar das ondas no meu corpo de criança.
Como seria possível alguém conhecer esse MEU lugar e chamar-lhe seu?
De quem seria essa voz que acordou o sono em que me encontrava?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Momentos secretos



Deito-me faminta na manta
Que o teu corpo me estende.
Minha cabeça no teu braço
Abraço de saudade!
Espero húmida a carícia
Que adivinho nos teus dedos.
Inundas-me de desejo
No olhar que me percorre.
Turbulência no silêncio
Que o arfar da respiração corta!
Maré cheia de suores loucos
Força do querer, na doçura saciada!
Dou-te o mar que alaga
Os lábios com beijos mordidos!
Ofereço-te o meu canto secreto
Os momentos que são só teus!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Rio de Prazer




Os teus dedos passam suaves
Pela margem do meu corpo
Tatuam músicas de um ritmo
Adormecido no baú do esquecimento
Apagaram o ponteiro do tempo
Que veloz e tirano
Nos escraviza…
…e desperta a pele ardente
Numa louca dança de sedução
Encontram dentro de mim
Um rio de prazer
Que desagua em ti!

Solta-se um aroma a terra molhada…
Gotículas de prazer desperto
no orvalho da tua pele!
E adormeço nos teus braços
com o doce aroma do perfume…
…das pétalas de uma flor desconhecida!