segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Às tuas costas o fardo do mundo


Às tuas costas o fardo do mundo
O peso real da intemporalidade
Triste sina de vagabundo
Sem tempo para sonho ou saudade.

Desenhas em longos espaços vazios
Tortos traços de barcos de fuga
Mapas de tesouros imaginários
Onde a tua vida não se conjuga.

Encontras no mar tristes destroços
De desejos de ave faminta
Desfeitos na tempestade os esboços
Vestido o luto com que a noite se pinta!

51 comentários:

Paula Raposo disse...

Ainda não me tinha apercebido de que tinhas um blog! Obrigada por todas as palavras simpáticas que me tens deixado ao longo do tempo...beijinhos.

Carla disse...

Paula Raposo
simpáticas, mas verdadeiras

wind disse...

Fantásticas palavras a descreverem o mundo dos vagabundos e dos sem abrigo.
São só eles, não têm nada.
Parabéns pela forma sentida como escreves:)

psique disse...

Lindo, muito bom.
Gostei tanto.

Maria P. disse...

Gostei destes desalinhos, tão alinhados.

Obrigada pela visita à Casa, deixo a porta aberta...
Beijinho*

Carla disse...

wind
às vezes escreve-se o que se sente
outras vezes sente-se o que se escreve
Obrigada

Carla disse...

psique
e eu gostei que tivesses gostado

Carla disse...

Maria P
são alinhavos mal tecidos, mas com sentimento

GarçaReal disse...

Há quem carregue o fardo de uma vida, onde os sonhos e desejos quase não têm lugar.

Muito belo o teu poema e sobretudo real

Bjgrande do lago

Carla disse...

Garça
quando a vida se torna um fardo é preciso ter forças para lhe dar a volta

Huckleberry Friend disse...

Um verdadeiro poema de vida em desalinho... gostei.

Carla disse...

huckleberry
mesmo quando a vida se pinta a preto e branco pode ser feita em ritmos de poesia

O'Sanji disse...

Obrigada pelas visitas ao Azuis.
A porta continua aberta.

Carla disse...

e eu vou continuar a transpô-la sempre

Nuno de Sousa disse...

Belo blog, feito com mta paixão, penso q é algo te deixa feliz pelo que vais aqui postando. Parabéns.
se um dia quiseres usares uma das minhas fotos espalhadas pelas minhas galerias tá vontade e tens a minha autorização. Podes ver em:
--
Nuno de Sousa

Blog:
http://nunoalexsousa.blogspot.com
Outras Galerias:
http://www.olhares.com/Nalex
http://www.reflexosonline.com/nalex
http://www.fotogenico.net/fotogenico/modules/xcgal/index.php?cat=10004
http://www.pnetimagens.pt/p/?id=30

Capitão-Mor disse...

Realmente por vezes sinto-me como aquele homenzinho que carrega o globo terrestre nas costas!

Anónimo disse...

Olá Carla

"Triste sina de vagabundo
Sem tempo para sonho ou saudade."

Quando não há tempo para a saudade ou o sonho quase se não vive.

Doeram-me este dois versos.

Beijinho

Carla disse...

Nuno de Sousa
tens fotos fabulosas e obrigada pela permissão de uso

Carla disse...

capitão-mor
acho que todos nós carregamos esse peso, por vezes...

Carla disse...

Marta
são as rasteiras que a vida prega e das quais nem sempre nos conseguimos levantar à primeira...mas há sempre uma segunda oportunidade, não é?

Fatyly disse...

Vestido o luto com que a noite se pinta!
Triste sina de vagabundo
Onde a tua vida não se conjuga.
Às tuas costas o fardo do mundo
..............

Peguei nesta maravilha de poema, amassei-o com dúzias de carinho, polvilhei com sorrisos e estendi-o ao sol na forma em forma de coração e questionei-me:

não seremos todos nós um pouco "vagabundos"?
não seremos nós velhos, e por mim falo, a aguentar o "fardo"?

sinceramente pensei em tantos rostos que recordo e vou vizualizando...tal como o video-clip do Pedro Abrunhosa e só te posso dizer:

ai ué mamã que esta chipalinha escreve p'ra caramba e lá levanto voo.

Obrigado por este momento de leitura e um xicoração muito apertado porque hoje para mim é um dia muito especial.

Carla disse...

fatyly
acho que sim, somos mesmo um pouco vagabundos (eu sou pelo menos) e quanto a aguentar o fardo, cada um tem o seu e a sua própria maneira de o suportar.
Um beijo grande e que o teu dia especial seja feito de coisas muito especiais

Vitor disse...

gostei, mas nas minhas costas não, que são estreitas....

rsrsrs

Carla disse...

vsuzano
se for por uma questão de escolhas, acho que todos dispensamos esse fardo

Anónimo disse...

Carla!
Desculpa a ausência querida!
Mas acho que ainda vim a tempo de me encantar com mais estas palavras ainda que em desalinho tão carregadas de verdades e sentimentos.
Qualquer um de nós que por aqui passe...pode facilmente rever-se em muito do que escreves.
Eu revi-me...
Gostei..gostei mesmo muito!
E volto a passar!
Um beijinho
Cleo

Carla disse...

Cleo
a ausência é apenas um momento...por isso volta sempre e quando quiseres

Hélder disse...

Não há farol que o guie?

Carla disse...

htsousa
nem sempre o farol tem luz suficiente para nos guiar

Anónimo disse...

agradecendo a tua visita e aproveito para dizer que gostei mt do teu cantinho:)

Carla disse...

noivo
volta sempre que quiseres, as portas nunca se fecham

pin gente disse...

hoje fui pirata noutro sonho
pintei o mundo de uma negra cor
vagabunda no que vesti medonho
continuo a sentir a minha dor

Carla disse...

pin gente
gosto das tuas palavras

Pierrot disse...

Quadras perfeitas de uma "ave faminta"
Gostei
Bjos daqui
Pierrot

dragonfly disse...

Parabéns....uma escrita apaixonada que revela um estado de alma... continua desta forma tão desalinhada que dá gosto ler...

Anónimo disse...

Este teu sublime poema fez-me ir buscar um.
Um outro prisma, ou, talvez não, Carla!
Eu dizia que tu nos surpreenderias!
Não me enganei!
Já adorava os teus comentários, agora este blog?
Qual desalinho, qual quê!
Um alvoroço!
E é preciso alvoraçar as mentes!

Aqui to deixo, então, à guisa de comentário ao teu poema:
"às tuas costas o fardo do mundo"

...
Sem abrigo

Pisava, descalço, o asfalto da cidade que escaldava.
Obedecia cego, ao apelo do corpo que o fascinava,
Deitava-se e imaginava a tarde calma.

Amava então, louco como só os marginais.
Saciavam-lhe o desejo, nunca a Alma.
Constrangido, forçado, batia com a mão no peito, cheio de tanta mentira alheia...
E engolia depois os cristais da Verdade,
Escondendo-os,
Como se fossem coisas feias.

Só não provara ainda da água branca de uma fonte,
Água que alguém lhe garantira “... te fará viajar e sair para sempre destas miragens polutas...”

Mas ele não queria essa viagem sem retorno!
Já bastava todo o engodo com que se cobria, para iludir o frio que dele escarnecia!

Apagava, então, a sede que o oprimia,
Com as lágrimas salgadas que vertia,
Por se saber tão só,
E, tão cobarde,
No centro do anel de fogo em que vivia...



Um beijo, minha querida e o teu espaço promete!

com admiração,
Cris

Anónimo disse...

E eis que surgiram sentimentos em desalinho expressos em palavras tão bem alinhavadas...
De menino e de louco todos nós temos um pouco!
De vagabundo também...

Beijinhos

Carla disse...

Pierrot
a "fome" pode gerar criatividade
ainda bem que gostaste

Carla disse...

dragonfly
a paixão é o sal da vida...

Nilson Barcelli disse...

Carla, começaste e acabaste o poema de uma forma excelente.
Pelo meio, ficaram magníficas imagens, inteligentes e muito sugestivas. Por exemplo:
"Desenhas em longos espaços vazios
Tortos traços de barcos de fuga".

Bom resto de semana, beijinhos.

PS: coloquei o teu link no meu blogue

AJO disse...

Que bonito, tão bem escrito. O título está cinco estrelas... é caso para reflectir.
BJS

Å®t Øf £övë disse...

Carla,
Gostei muito da tua escrita, e retive logo a primeira frase que me cativou: "Às tuas costas o fardo do mundo".
Quem é que em alguma altura da vida não teve esta sensação de uma forma forte e dolorosa???
Bjs.

Carla disse...

Nilson
obrigada plas palavras e pela linkagem

Carla disse...

AJO
Às vezes há imagens que nos fazem pensar

Carla disse...

Art of love
a vida tem momentos de fardo compensados por momentos de forte alegria...o que interessa é conseguir doseá-los

Carla disse...

Cris
que mais acrescentar às tuas palavras sublimes, a não ser - obrigada!

Oliver Pickwick disse...

Na mitologia grega o gigante Atlas, um semi-deus, foi condenado a carregar para sempre nas costas, o planeta Terra. Percebe como às vezes a vida real imita a mitologia?
Beijos!

Carla disse...

Oliver
Claro que percebo, pergunto-me às vezes se não será a mitologia a basear-se na vida real, afinal não teremos sido nós a criar os deuses?

Gonçalo Tavares de Almeida disse...

Apenas posso comentar a imagem, uma vez que a poesia para mim apenas foi uma febre universitária passageira. Gosto muito desta foto, o P/B fica-lhe a matar. O enquadramente está muito bom dando enfase às nuvens e aos vultos que se movem à beira mar.

Carla disse...

Gonçalo T Almeida
A fotografia, para mim é o resultado de um olhar num determinado momento...e gostei especialmente deste, ainda bem que também gostou

efvilha disse...

Denso, e translúcido na grandeza que transpira, tal qual as almas viajantes na existência.

Beijo de Paz, em ti.

Carla disse...

efvilha
ser viajante é quase sempre procurar a essência da liberdade