
Olhou as luzes que ofuscavam as dores escondidas nas esquinas da cidade, percorreu os destinos magoados de quem se esqueceu dos dias, relembrou promessas adiadas para um depois que nunca chegou...
...e as lembranças teimavam em dizer que era só um dia engalanado de luzes, doces recordações envoltas no papel celofane da tentação!
Um dia...nada mais do que um dia!
Uma soma de horas, horas que se abraçam como corpos em ondas de paixão!
Uma soma de minutos, minutos que sussurram ecos de sentires distantes!
Uma soma de segundos, segundos de palavras ausentes nas linhas marcadas da tua mão!
Olhou-se ao espelho e gostou do que viu, feliz por não ter hesitado mais do que meia dúzia de minutos antes de entrar na loja.
O vermelho sempre tinha sido a sua cor favorita… Calor, paixão e alegria tudo se misturava nesse tom aquecido pelo raiar solar dos trópicos e ela sabia que a sua vida podia ser apenas uma soma de dias, se não os polvilhasse com a canela aromática da emoção!
Aquele vestido de um vermelho envergonhado, prometia-lhe um dia, o seu dia...um dia escrito num sentir conjugado na primeira pessoa do plural e, por isso, ela contava os segundos para que se tornassem longos minutos de prazer!
Afinal um dia podem ser 24 horas de tentações, escritas de forma indelével nas páginas entreabertas da nossa história…sempre inacabada!